Museu do Amanhã
GBC Brasil
Em um museu onde se busca entender as possibilidades de futuro, a questão ambiental se torna protagonista. O Museu do Amanhã, desde suas fases iniciais do projeto em 2010, tem a sustentabilidade como uma de suas prioridades.
“Um dos grandes desafios foi a integração de uma equipe multidisciplinar com objetivos ousados e metas inéditas na cidade, em termos de sustentabilidade e tecnologia na área de construção.” – Rosana Correa, LEED AP BD+C
No projeto, foram tratadas questões relacionadas ao transporte, gerenciamento das águas (enchentes), tratamento e colaboração com a limpeza das águas da Baía de Guanabara, utilização de materiais ambientalmente amigáveis e renováveis, gestão energética extremamente eficiente, redução no consumo de água, entre outras.
Por se tratar de um projeto preparada com o objetivo de obter a certificação LEED nível ouro, o Museu apresenta um conjunto de características de sustentabilidade. Dois diferenciais da obra merecem destaque: a tecnologia empregada na captação de energia solar, de acordo com a trajetória do sol e o uso das aguas da Baía de Guanabara como trocador de calor no sistema de ar condicionado. Estima-se que, por ano, sejam economizados 9.6 milhões de litros de água e 2.4 MWh de energia elétrica, o que seria suficiente para energizar quase 600 residências.
Sobre a redução e correta destinação de resíduos (reciclagem), o reaproveitamento de sobras das estacas das fundações para a construção dos barracões da obra poupou a utilização de toneladas de aço.
Na área energética, além das placas fotovoltaicas da cobertura que se movimentam em busca do sol, se destaca o aproveitamento do “frio” das águas da Baía de Guanabara, o que traz uma economia de aproximadamente 25 mil litros de água por dia. O resultado é que o museu economiza até 50% de energia se comparado com construções convencionais.
Na área das águas, o grande diferencial é o sistema que “libera” para as águas da Baía de Guanabara o calor retirado dos ambientes. O nome técnico do recurso é hidrotermia, e já é utilizado em diversos projetos pelo mundo, mas é novo para o Brasil. As águas são retiradas da Baía, recebem o calor do sistema de ar condicionado e são devolvidas novamente ao mar. Todo este processo acontece de maneira a não agredir o meio ambiente. Para respeitar limitações da temperatura das águas, uma nova mistura acontece para resfriar a água antes esta que volte para a Baía no lado nordeste do pier. A utilização da hidrotermia faz com que o museu não precise de torres de arrefecimento no sistema de climatização, resultando em uma economia de 4 mil litros de água por hora. Além disso, as águas das pias, lavatórios, chuveiros e chuvas são tratadas e reutilizadas, assim como aquelas provenientes da desumidificação do ar, que por si só rende aproximadamente 4 mil litros de água por dia.
Outra característica importante do projeto é sua localização, em uma área altamente urbanizada, que oferece escolhas inteligentes de transporte. Moradores e visitantes desta região terão mais oportunidades de evitar o uso de carro particular e, assim, contribuir para a redução de emissões de gás carbônico na atmosfera. No perímetro do museu poderão ser utilizados ônibus de redes urbanas e intermunicipais com ligação à rodoviária da Praça Mauá, bicicletas na ciclovia do museu que será integrada à da cidade e o VLT.
Pode-se dizer que, em relação ao seu papel junto ao planeta, o museu ja pode ser premiado. Agora, o trabalho terá continuidade na operação. As equipes de projeto ainda trabalham para que funcione bem após a inauguração da obra, que certamente marcou um momento importante vivido pela cidade do Rio de Janeiro.
Texto escrito pela Rosana Corrêa, Professora do curso “Projeto Integrado: LEED V4 e Referencial GBC Brasil Casa®” e Sócia Fundadora da Casa do Futuro, empresa Membro do GBC Brasil
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